#13: Carlos Matos (Urban Sketchers Portugal – Beiras)

20150331 13 Carlos Matos

Nascido numa família de artesãos (com cordoeiros, calceteiros, sapateiros e canteiros) da aldeia beirã de Salgueiro do Campo, o professor, fotógrafo e desenhador urbano e rural Carlos Matos estudou design de equipamento no IADE – Escola Superior de Design, e profissionalizou-se em educação de artes visuais na Escola Superior de Educação, e em design de comunicação na Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco. Tem leccionado na área em várias escolas profissionais e secundárias, sendo actualmente professor naquela cidade, no Agrupamento de Escolas Nuno Álvares.

Influenciado pelos livros de banda desenhada e com portefólio nas revistas Super Foto Prática, Foto Plus ou Artes e Ideias, as imagens e ilustrações são hoje as suas maiores paixões e melhores formas de apurar o olhar sobre paisagens naturais e humanas como rios, moinhos, pontes ou ruínas.

Das fotografias lentas aos desenhos rápidos, e com mais de duas dezenas de exposições já realizadas em Castelo Branco, Vila Velha de Ródão, Covilhã, Coimbra ou Lisboa, Carlos Matos tem também participado em várias mostras colectivas com gente com igual gosto por estas duas artes (e pela comida), e em publicações sobre a história e o património cultural da região.

Desde 2011 que é um dos dinamizadores do colectivo Urban Sketchers Portugal – Beiras, gente que se encontra para desenhar nos seus cadernos, blocos e diários gráficos as cidades, vilas ou aldeias onde vivem, os lugares por onde passam. Em 2013, o grupo dedicou o primeiro encontro ibérico ao património e à gastronomia regional; no ano seguinte pôs mais de 250 jovens portugueses a desenharem.

Carlos Matos viaja perto, sobretudo pela Beira Baixa, resgatando vivências da infância ou a memória de caminheiros de outros tempos. Mas também para longe, Espanha ou França, e por vezes de mochila às costas, como acontece com a Confraria dos Caminhos. Da porta de casa até Santiago de Compostela, são mais de 500 quilómetros que ele e outros amigos fazem por etapas, sem pressas mas cheias de histórias.

Em 2013, o desenhador urbano e rural ilustrou o livro “Pedro Visita um Castelo”, de António Pires Nunes. No ano seguinte era a vez de “Volta a Portugal em 80 Dias”, de Rui Pelejão, João Ferreira Oliveira e Jorge Flores, crónicas dos 14 mil quilómetros de viagens destes três jornalistas pelas estradas nacionais do país.

Instantâneos e esboços da realidade com que Carlos Matos interpreta o que vê e tenta resistir à passagem do tempo. Até porque tal como a poesia, e com a fiel companhia do olhar, a fotografia e o desenho também transformam. O mundo, nós e os outros.

Jorge Costa (texto e foto)

#12: Carisa Marcelino (Desconcertante Trio/Bayan Quartet)

20150317 12 Carisa Marcelino

Natural da aldeia beirã de Escalos de Baixo, Carisa Marcelino iniciou os seus estudos musicais aos dez anos no Conservatório Regional de Castelo Branco, na classe de Paulo Jorge Ferreira, impulsionador do acordeão naquela instituição e na Escola Superior de Artes Aplicadas do Instituto Politécnico de Castelo Branco, onde a jovem se licenciou na variante de instrumento e se encontra a realizar um mestrado em ensino da música.

Seja a solo ou em grupos de música de câmara como o (Des)concertante Trio ou o Síntese, Carisa Marcelino, que também trabalhou com a Sinfonietta de Lisboa e com a Orquestra Nacional do Porto, tem vindo a estrear peças originais para acordeão de compositores portugueses como o próprio Paulo Jorge Ferreira, Carlos Marques, Sérgio Azevedo ou Carlos Marecos.

Na última década, a antiga campeã nacional de acordeão e vice-campeã num concurso ibérico foi galardoada em competições como o Troféu Nacional, o Folefest, o Prémio Jovens Músicos e a Copa Mundial de Acordeão. Em 2006 era distinguida pelo jornal Gazeta do Interior como “Figura Jovem do Ano”, seguindo-se em 2007 o louvor atribuído pela autarquia local.

Seja como executante, seja como professora nos conservatórios de Castelo Branco e da Guarda e na Escola Profissional de Artes da Beira Interior, na Covilhã, Carisa Marcelino continua a divulgar obras para acordeão de concerto, instrumento associado quer à música erudita, quer à música tradicional portuguesa, e que tem vindo a ganhar terreno nos palcos e nas escolas do ensino artístico especializado.

Às gravações para rádios e televisões nacionais juntam-se os espectáculos que durante cinco anos realizou por todo o mundo com Teresa Salgueiro, ex-vocalista dos Madredeus, com quem gravaria dois álbuns e a quem deve o epíteto de “virtuosa do acordeão”.

Hoje, Carisa Marcelino integra a Associação Folefest e dirige também a orquestra de acordeões do conservatório de Castelo Branco. Com o Bayan Quartet, a sua formação mais recente, presta ainda homenagem à sua conterrânea Eugénia Lima. Ou não tivesse a “grande embaixadora do acordeão” aberto as portas à formação e alterado os alicerces de uma “arte tradicionalmente desenvolvida por homens”.

Jorge Costa (texto e foto)

#11: Carlos Santos (Metamorpheu/Rock Academy)

20150303 11 Carlos Santos

Natural do Porto, desde os finais da década de 1990 que o músico, produtor e compositor Carlos Santos divide a sua energia criativa por múltiplas experiências com diversos tipos de sons e suportes acústicos.

Da fotografia e pintura ao experimentalismo sonoro, a formação em psicologia clínica pela Universidade Fernando Pessoa marcou as primeiras produções do jovem que se apresenta também com o pseudónimo artístico de Metamorpheu. Nessa linha, em 2008 este lançava Morpheu, projecto a solo onde realidades psicológicas são traduzidas para a linguagem da musica electrónica.

Para além de integrar formações como X-Binary, Plus ou Jaspe, e de colaborar com músicos como Ricardo Gordo, Markus Noah ou Tom Hamilton, ao longo dos anos Carlos Santos tem trabalhado como multi-instrumentista para bandas portuguesas como os Expensive Soul, Three Angle, Vital, Morgana, Pandora, Love and The Will, Kuala ou Jacko Jam, bem como com membros de grupos como os Bandemónio ou os Mesa.

Há cinco anos, o percussionista trocou a invicta pela capital da Beira Baixa, onde se licenciou em Música Eletrónica e Produção Musical através da Escola Superior de Artes Aplicadas, contexto em que surge ao vivo com o ensemble do curso ou cria instalações em que explora conceitos como o determinismo ou o livre arbítrio.

Em 2014, com Rui Barata e em parceria com o Orfeão de Castelo Branco, fundava a Rock Academy, escola onde artistas de palmo e meio podem desenvolver as suas capacidades técnicas e performativas, da guitarra eléctrica ao sintetizador, e em géneros que vão do rock à pop, jazz ou folk.

De forma a chamar a atenção dos media para o problema da igualdade parental quando estão em causa os direitos dos filhos, nesse mesmo ano estabelece novo recorde mundial da maratona de bateria: quase 133 horas, mais sete e meia que o indonésio Kunto Hartono.

Actualmente, Carlos Santos encontra-se a realizar um mestrado na Escola Superior de Tecnologia do IPCB sobre desenvolvimento de software e sistemas interactivos. Entretanto, prosseguem os trabalhos nas áreas do multimédia e da engenharia informática, sempre tendo como pano de fundo quer as metamorfoses sonoras, das acústicas às electrónicas, quer a sua forma própria de sonhar, sentir e viver a música.

Jorge Costa (texto e foto)