Nascido numa família de artesãos (com cordoeiros, calceteiros, sapateiros e canteiros) da aldeia beirã de Salgueiro do Campo, o professor, fotógrafo e desenhador urbano e rural Carlos Matos estudou design de equipamento no IADE – Escola Superior de Design, e profissionalizou-se em educação de artes visuais na Escola Superior de Educação, e em design de comunicação na Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco. Tem leccionado na área em várias escolas profissionais e secundárias, sendo actualmente professor naquela cidade, no Agrupamento de Escolas Nuno Álvares.
Influenciado pelos livros de banda desenhada e com portefólio nas revistas Super Foto Prática, Foto Plus ou Artes e Ideias, as imagens e ilustrações são hoje as suas maiores paixões e melhores formas de apurar o olhar sobre paisagens naturais e humanas como rios, moinhos, pontes ou ruínas.
Das fotografias lentas aos desenhos rápidos, e com mais de duas dezenas de exposições já realizadas em Castelo Branco, Vila Velha de Ródão, Covilhã, Coimbra ou Lisboa, Carlos Matos tem também participado em várias mostras colectivas com gente com igual gosto por estas duas artes (e pela comida), e em publicações sobre a história e o património cultural da região.
Desde 2011 que é um dos dinamizadores do colectivo Urban Sketchers Portugal – Beiras, gente que se encontra para desenhar nos seus cadernos, blocos e diários gráficos as cidades, vilas ou aldeias onde vivem, os lugares por onde passam. Em 2013, o grupo dedicou o primeiro encontro ibérico ao património e à gastronomia regional; no ano seguinte pôs mais de 250 jovens portugueses a desenharem.
Carlos Matos viaja perto, sobretudo pela Beira Baixa, resgatando vivências da infância ou a memória de caminheiros de outros tempos. Mas também para longe, Espanha ou França, e por vezes de mochila às costas, como acontece com a Confraria dos Caminhos. Da porta de casa até Santiago de Compostela, são mais de 500 quilómetros que ele e outros amigos fazem por etapas, sem pressas mas cheias de histórias.
Em 2013, o desenhador urbano e rural ilustrou o livro “Pedro Visita um Castelo”, de António Pires Nunes. No ano seguinte era a vez de “Volta a Portugal em 80 Dias”, de Rui Pelejão, João Ferreira Oliveira e Jorge Flores, crónicas dos 14 mil quilómetros de viagens destes três jornalistas pelas estradas nacionais do país.
Instantâneos e esboços da realidade com que Carlos Matos interpreta o que vê e tenta resistir à passagem do tempo. Até porque tal como a poesia, e com a fiel companhia do olhar, a fotografia e o desenho também transformam. O mundo, nós e os outros.
Jorge Costa (texto e foto)